Estudei economia em uma época muito fértil da vida nacional, mas de muita repressão, por um lado a repressão do poder, por outro lado a repressão intelectual, e eu, ali, no meio das duas, doido para ser livre.
As pessoas se dividiam ideologicamente entre posicionamentos de direita e de esquerda, e uns criticavam outros ferrenhamente. Eu desejava fazer ciência, e tinha que me livrar da saraivada de balas que voavam de um lado para o outro. Se algum estudioso usava o nome de Marx em seus estudos, era imediatamente carimbado: marxista. Se por outro lado, alguém propunha avaliar os trabalhos de Walras, Jevons, Mashall, o patrulhamento ideológico de esquerda carimbava: marginalista!
Esse termo “marginalista”, por acaso estava certo, aqueles pensadores formavam mesmo uma escola em economia denominada marginalista, porque utilizavam o princípio da utilidade marginal, mas o carimbo fazia qualquer um se sentir um verdadeiro marginal!(risos)
O que nenhum dos lados sabia, era que todo pensamento é enriquecedor, você encontra na teoria marxista e na marginalista elementos valiosos, que, sem eles, o mundo não seguiria adiante. Alguns economistas brasileiros foram importantíssimos para nos livrar dessa prisão intelectual, na medida em que destacavam em seus escritos a colaboração científica de um pensador, sem se preocupar com o viés político dele, sem uma barreira ideológica, eu destaco entre eles, os dois principais, Mário Henrique Simonsen e Luiz Carlos Bresser-Pereira, eles estavam preocupados com o que há de científico na Economia.
Continua em Economeditando
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