Pela primeira vez em dois anos, os técnicos do Comitê de Política Monetária não reduziram os juros e mantiveram a taxa Selic estável em 11,25% ao ano. Essa taxa pode até cair um pouco mais até dezembro, mas que ninguém espere nenhum alívio nos juros no curto prazo. Mais do que meramente manter os juros estáveis, o Copom mostrou - e a ata deverá comprovar isso - uma crescente preocupação com o crescimento da economia brasileira e seu impacto nos preços.
Claro, todo mundo sabe que o trabalho de um banqueiro central é desligar a música quando a festa está mais animada. No caso brasileiro, o problema chama-se infraestrutura. Quando a renda aumenta e o país cresce, o sistema trava pela falta de investimentos em estradas, portos, aeroportos e, principalmente, escolas - que formam os profissionais necessários para atender às demandas de uma economia aquecida. Preços sobem, salários aumentam mais do que os preços e começa a haver risco de inflação. Ou seja, é hora de o Banco Central estragar a festa, desligando a música e levando os barris de chope de volta à geladeira.
E nos Estados Unidos? No início da semana, Alan Greenspan, ex-homem forte dos juros mundiais, disse estar pessimista com os excessos econômicos. Tudo bem, quem é ex tem de falar um tom acima para ser ouvido, mas Greenspan ainda é uma das opiniões mais importantes e relevantes da economia mundial. No dia seguinte, seu sucessor Ben Bernanke disse no tom cifrado dos banqueiros centrais que a função do Fed era manter a inflação baixa. Nas entrelinhas, isso quer dizer que entre segurar a inflação e sustentar o crescimento por meio de uma generosa injeção de dinheiro na economia, ele fica com a primeira opção.
Banqueiros centrais têm de desligar a música quando a festa está animada. No caso americano, a farra já degenerou em orgia faz tempo, e já se ouvem as sirenes da polícia, chamada pelos vizinhos. Esperam-se tempos magros, com reflexos ruins sobre o mercado lá e aqui.
A conferir.
Blog do Investidor
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