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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Final feliz da Bovespa depende em boa parte de NY não atrapalhar

... Antes de pular as sete ondas, o pedido que muita gente reserva para hoje, no último pregão doméstico do ano, é que NY desta vez não atrapalhe e abra alas para um grand finale da BOVESPA. De qualquer maneira, ainda que não venha o rali tão desejado, a verdade é que a bolsa rendeu muitas alegrias durante quase o ano todo e, até aqui, resistiu bem à crise lá de fora. É por essas e outras que, ainda que já se antecipe um começo difícil de ano, com uma nova temporada de balanços das companhias mais vulneráveis ao SUBPRIME, as expectativas para 2008 continuam as melhores possíveis.

... Nem mesmo a perspectiva de que a SELIC não volte a cair tão cedo desencoraja o otimismo. Entre a maioria das instituições financeiras ouvidas pela jornalista Sueli Campo (AE), a projeção é de que a bolsa termine 2008 entre 75 mil e 80 mil pontos. No médio prazo, o que poderia dar uma injeção e tanto de ânimo seria a conquista do INVESTMENT GRADE, que continua nos planos. Nesta quinta-feira, o secretário-adjunto do TESOURO, Paulo VALLE, disse que o Brasil pode chegar lá ainda no primeiro trimestre de 2008.

... A favor disso, tem o compromisso do governo com a meta de superávit fiscal de 3,80% do PIB, mesmo com o fim da CPMF, além da promessa de cumprimento das metas de INFLAÇÃO. Nesta quinta-feira, alguns operadores consultados por Silvana Rocha (AE) levantaram a suspeita de que o BC já possa estar operando no câmbio para conter as pressões inflacionárias, depois de não ter chamado leilão de compra no mercado à vista.

... Pode ainda ter preferido ficar de fora do mercado para não atrapalhar a disputa entre “comprados” e “vendidos” no mercado futuro para a formação da PTAX hoje. A taxa será usada no dia 2 (próxima quarta-feira) para a liquidação do dólar para janeiro e também para os ajustes do vencimento de US$ 1,472 bilhão em contratos de SWAP CAMBIAL REVERSO, que foram rolados integralmente pelo BC na semana passada.

... Mais do que o câmbio, porém, fica hoje o suspense para o comportamento de NY, que pode definir tudo por aqui. Além do risco de o SUBPRIME continuar atuando como fonte inesgotável de más notícias, também a agenda de indicadores dos EUA pode oferecer perigo hoje, se, de repente, os dados decepcionam. Na hora do almoço, às 13h, saem as VENDAS DE IMÓVEIS residenciais novos em novembro, com previsão de queda de 1,79%. Pouco antes (12h45), a Associação dos Gerentes de Compras de Chicago divulga a atividade industrial, que deve cair para 52 em dezembro. O componente do preços pagos deve recuar para 74, novas encomendas, para 51,5, e emprego, para 52.

AQUI, o destaque da agenda é o resultado de novembro do SETOR PÚBLICO consolidado, que inclui, além do Governo Central (BC, Tesouro e INSS), também os Estados, municípios e estatais federais. O número sai às 10h30 e deve vir entre R$ 6,8 bilhões e R$ 11,5 bilhões (mediana em US$ 8,65 bilhões), segundo pesquisa do AE-Projeções. Ainda que venha no teto, ficará abaixo de outubro (R$ 15,3 bilhões).

Final feliz?

... O mercado financeiro doméstico chega ao último pregão de 2007 repetindo os momentos de cautela que têm se mostrado recorrentes durante o segundo semestre, depois do agravamento da crise do SUBPRIME nos EUA. Nada do que aconteceu ontem ajudou a dissipar as nuvens que vêm embaçado o horizonte de negócios, a despeito de um ano positivo no front doméstico. Mas a torcida segue forte por um desfecho positivo hoje.

... Atingida pelo comportamento internacional negativo, a BOVESPA fechou o pregão desta quinta-feira em queda de 0,80%, com 63.774 pontos. Agora que perdeu a marca dos 64 mil pontos, operadores no Broadcast comentaram que o próximo suporte técnico possa estar nos 63.200 pontos. Isso, se cair hoje. Ontem, os investidores não conseguiram declarar independência de NY, mas mesmo com o impacto de alta dos preços do petróleo (abaixo), as ações preferenciais da PETROBRAS chegaram ao final do pregão em queda de 1,10%, realizando lucro. Já as ações preferenciais da VALE, que também estiveram entre as que mais pressionaram o IBOVESPA ontem, perderam 2,02%.

... Além de WALL STREET ter atrapalhado, por aqui, os temores continuaram recaindo sobre a inflação. Um dos eventos mais esperados da semana, o Relatório Trimestral do BC, numa primeira leitura, até foi bem recebido pelos investidores. Afinal, não era novidade para ninguém que o documento poderia reprisar o tom duro da última ata do COPOM. O que o mercado não esperava era ver toda essa preocupação com a inflação exacerbada pelas palavras do diretor de Política Econômica do BC, Mario MESQUITA.

... Disse ele que o balanço de riscos para inflação se deteriorou de setembro para dezembro e que há sinais de estreitamento da margem de ociosidade da economia, o que traz riscos de elevação dos preços, porque aumenta a chance de as pressões localizadas se generalizarem. MESQUITA ressaltou ainda que a surpresa da alta de inflação no final de 2007 afetou as expectativas e que os riscos do cenário interno, como o aquecimento da demanda e as restrições ao crescimento provocadas pela incapacidade do setor produtivo de atender a esse consumo, são “tão ou mais importantes” do que os do cenário externo.

... Também chamou a atenção do mercado o fato de ele ter dito que a forte PRODUÇÃO INDUSTRIAL de outubro refletiu as condições monetárias de alguns trimestres anteriores e de ter ressaltado que o BC sempre tem que atuar de forma preventiva. Ficou a sensação de que podem estar certas as especulações de que a estabilidade da SELIC deve durar mais do que se esperava inicialmente. E olha que também não é difícil de aumentarem as apostas de que o viés para a trajetória do juro a partir de agora é de alta.

... Até porque, o BC elevou de 4,7% para 5,2% as projeções para o PIB em 2007 e estimou um crescimento de 4,5% para o ano que vem. Do lado da inflação, o Relatório não surpreendeu, ao ajustar para cima (de 4% para 4,3%) as projeções do IPCA deste ano. Para 2008, a taxa subiu de 4,2% para 4,3%, ficando mais próxima do centro da meta, fixado em 4,5%. Em 2009, o BC espera ver uma inflação de 4,2%.

... Confirmando o cenário de maior pressão inflacionária, ainda nesta quinta-feira, o IGP-M de dezembro (+1,76%) veio perto do teto das estimativas dos economistas do mercado (+1,80%). A taxa anual ficou em 7,75%, muito acima do acumulado de 2006 (+3,83%).

... O desconforto com a inflação afetou, principalmente, o comportamento das taxas mais longas dos DIs, que depois de recuarem na abertura, chegaram ao final do dia em alta. O contrato para janeiro de 2009 projetou 12,08% (de 12,13%) e o 2010 subiu para 12,87% (de 12,79%). Já o mais curto, janeiro de 2008, fechou estável, em 11,11%.

... Nos negócios com DÓLAR, o mercado ameaçou reagir em alta aos indicadores fracos da economia norte-americana, mas a ausência do BC nas mesas de operações falou mais alto. A falta do habitual leilão diário de compra de dólares no mercado à vista garantiu a queda das cotações da moeda norte-americana, que encerrou a sessão de ontem valendo R$ 1,761 (-0,62%). Nos contratos futuros, a liquidez foi expressiva, com os investidores já se preparando e antecipando a briga da PTAX.

Muito atrapalha quem não ajuda

... Logo quando o mercado doméstico tanto precisava de NY, as bolsas não quiseram saber de rali coisa nenhuma, preferindo viver na rotina da crise do SUBPRIME. Não foi mesmo fácil o dia, com o noticiário negativo fechando o cerco. As bolsas nem haviam aberto ainda, quando o GOLDMAN SACHS elevou para um total de US$ 33,6 bilhões neste quarto trimestre a projeção de baixas contábeis de três gigantes do setor financeiro americano: o CITIGROUP (-2,92%), MERRILL LYNCH (-2,46%) e JP MORGAN (-2,89%). De sangue quente, os investidores mandaram vender desde cedo.

Continua em Bom Dia Mercado

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