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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Prestando contas

Vou me antecipar, colocar fatos que certamente virão à tona de forma deturpada quando começar a postar levantamentos que fiz sobre a revista Veja.

Há 20 anos tenho uma empresa, a Agência Dinheiro Vivo. Foi pioneira nos serviços eletrônicos do país. Em 1996, tomei um financiamento do BNDES, para tentar aproveitar a onda de Internet que se iniciava. Por várias razões, a empresa entrou em dificuldades e o projeto não deu certo.

Desde então, venho lutando com a dívida. Já tinha feito uma renegociação com o banco, anos atrás. Enormes atrasos no desenvolvimento dos novos sites deixaram a empresa em situação delicado. Não consegui manter em dia as prestações, resultando em uma execução judicial por parte do banco e, depois de longas negociações, um acordo na Justiça.

O banco não cedeu em nada, não reduziu o spread nem o principal e manteve os juros bem acima da TJLP. O máximo que consegui foi estender o prazo de pagamento. Por conta dos juros e dos atrasos, a dívida é 2,3 vezes maior do que a original. Nas negociações ficaram suspensos multa e juros de mora – que serão cobrados em caso de nova inadimplência – como, aliás, é praxe em qualquer renegociação.

A partir de junho do ano passado, antes mesmo de assinado o acordo, retomei os pagamentos. O acordo foi fechado em agosto. Por razões burocráticas, ainda não foi homologado pelo juiz. Mas as prestações estão sendo pagas em dia. Portanto não há inadimplência, nem calote. Nem houve qualquer concessão nas negociações. E nenhum tostão de empréstimo foi levantado no atual governo.

Nesses dois anos de pauleira, a Agencia Dinheiro Vivo conseguiu superar suas dificuldades, terminar os novos projetos, que vinham se arrastando e fechar boas parcerias para 2008. Os sistemas, finalmente, estão nos ajustes finais, em cima de concepções inovadoras, que ajudarão a incrementar o Guia Financeiro e o Projeto Brasil..

Aproveitando a situação de fragilidade da Dinheiro Vivo, nos últimos tempos fui alvo de toda sorte de calúnias, injúrias e difamações, produzidas pelo comando de Veja com o evidente intuito de me intimidar nas críticas que faço à revista.

Poderia ser o momento para relaxar e cuidar da vida e da família. Mas o jornalismo fala mais alto.



enviada por Luis Nassif

3 comentários:

Anônimo disse...

O fenômeno Veja

Recentemente, estimulei uma competição com um blogueiro da revista – contratado especificamente para atacar os adversários de Veja . Havia duas razões relevantes para tanto.

Primeiro, para demonstrar que, com a Internet, cessou o predomínio das grandes publicações. É possível, mesmo sem ter um grande órgão da imprensa tradicional por trás, mobilizar pessoas para esse trabalho cooperativo, de disseminar informações. É o verdadeiro trabalho em rede, no qual – graças à Internet – cada pessoa dá sua colaboração, pegando as informações e levando para seus círculos de conhecidos.

Segundo, para que essa rede, formada nesse período, ajude a dar visibilidade a essas reportagens que passo a publicar.

Não será um desafio fácil. Estaremos enfrentando o esquema mais barra-pesada que apareceu na imprensa brasileira nas últimas décadas. E montado em cima de um tanque de guerra: uma publicação com mais de um milhão de exemplares.

Tenho convicção de que a força do jornalismo e do trabalho em rede permitirão decifrar o enigma Veja. Para tanto, conto com a mobilização de todos vocês. Não se trata mais de um mero exercício esportivo de aquecer uma eleição de Blog. Trata-se, agora, de uma questão nacional que, tenho certeza, ajudará a reabilitar o exercício do jornalismo, mesmo na grande imprensa.

O macartismo e o jornalismo de negócios

O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.

Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.

O primeiro, são as mudanças estruturais que a mídia vem atravessando em todo mundo.

O segundo, a maneira como esses processos se refletiram na crise política brasileira e nas grandes disputas empresariais, à partir do advento dos banqueiros de negócio que sobem à cena política e econômica na última década.

O terceiro, as características específicas da revista Veja, e as mudanças pelas quais passou nos últimos anos.
A partir de agora, e nos próximos dias, publicarei, em capítulos, a história que tenta explicar esse fenômeno de anti-jornalismo.

No capítulo 1 – “Os Momentos de Catarse e a Mídia” – analisam-se as pré-condições que abriram espaço para o estilo que tomou conta da revista nos últimos anos.

No capítulo 2 – “A Mudança de Comando”, o que significou a ascensão de Eurípides Alcântara e Mário Sabino ao comando da revista de maior circulação do pais. Clique aqui.
O endereço para acessar as matérias é http://luis.nassif.googlepages.com/home. Ou clicando aqui.

A partir dessa página se terá acesso aos capítulos que serão publicados.


enviada por Luis Nassif

Anônimo disse...

por isso que eu digo: devo, não pago e nego enquanto puder
:D

Unknown disse...

Caro,

Segue cópia de e-mail que enviei ao seu blog a respeito da crônica ‘Os momentos de catarse e a mídia’, de 30 de janeiro de 2008.

Grata pela atenção
Eliana Simonetti

Caro Nassif,

acabo de ler sua crônica, 'Os momentos de catarse e a mídia', de 30 de janeiro de 2008. Há mais de seis anos não leio a revista Veja e me foi bastante instrutivo saber da decadência da publicação. Concordo com sua explicação sobre as razões do anti-jornalismo - jornalismo e os negócios e uso de notas como ferramenta para disputas empresariais e jurídicas, inclusive.

No caso, entretanto, outros pontos me chamaram a atenção, por dizerem respeito à minha pessoa. Ocorre que minha pessoa, como diria Madame Satã, tem estado bastante distante dos holofotes há anos para, de um momento para outro, surgir de maneira meio enviesada em seu blog - em texto reproduzido em tantos outros sites. Isso não faz bem à minha alma, à minha saúde, acho que a nada e a ninguém. Então resolvi lhe escrever.

O primeiro ponto que me perturba: meu nome não foi citado. Como não compreendo a razão, e não tenho o que esconder, aqui vai: a editora de economia de Veja demitida em novembro de 2001 sob a acusação de ter relações impróprias com o lobista Alexandre Paes dos Santos fui eu, Eliana Giannella Simonetti, jornalista há quase 30 anos, com trabalhos investigativos, analíticos, econômicos, culturais, entre outros, elogiados e reproduzidos no Brasil e no exterior.

Você sabe, como eu, que quando um jornalista tem acesso a documentos e informações, deve checá-los, buscar fontes alternativas, sentir-se razoavelmente seguro antes de encaminhar uma proposta de reportagem. Daí meu segundo incômodo: a alusão a jornalistas que funcionam como leva-e-traz, carregadores de dossiês de lobistas. Não estou entre eles. Nunca estive. Se eles existem, talvez esteja aí uma explicação para a decadência de Veja e de outros meios de comunicação. Da perda de credibilidade.

Poderíamos falar, aqui, sobre a relação entre o poder e a imprensa - donos de meios de comunicação, velhos jornalistas experientes e focas principiantes de um lado; políticos e empresários de outro. Essa relação tem traços de promiscuidade desde a origem da imprensa.
Da mesma forma, podemos falar sobre lobistas, intermediários que se especializam em adquirir acesso a pessoas-chave para defenderem interesses (escusos ou não). Traficam influência.

Reportagens, como sabemos, nascem e se desenrolam das mais diversas maneiras. Muitos anos atrás, ouvi de um alto funcionário da Receita Federal um relato que me custou inúmeras entrevistas, um esforço enorme e não resultou em matéria: a denúncia não se comprovou. Passado pouco tempo, elaborei um trabalho inovador depois de observar meus filhos conversarem - e produzirem raciocínios diferentes dos meus. Não houve lobista e a reportagem sobre o cérebro das crianças teve grande repercussão.

Ao longo de minha carreira, tive contato com inúmeros lobistas - alguns mais, outros menos confiáveis. Houve histórias de intrigas no seio de famílias tradicionais e conhecidas que me foram passadas por esses profissionais. Atendi lobistas que trabalham pela melhoria da educação pública. São apenas dois exemplos. Em ambos os casos as notícias publicadas não trouxeram lucro financeiro a quem trouxe a informação disparadora da reportagem - ao menos que eu saiba.

Movo dois processos judiciais contra a Editora Abril. Um deles, trabalhista, dá conta de que nos dez anos em que estive no quadro de jornalistas da revista Veja trabalhei em média 12 horas por dia, sem horário para refeições - quando o contrato me pagava por sete horas de serviço. Isso para ficar apenas num item. Estou entre os poucos profissionais de imprensa que acionam a Editora Abril, quase onipotente no mercado brasileiro.
A segunda ação é relativa aos danos morais que sofri. Pelo fato de a revista Veja ter publicado nota justificando minha demissão - que, diga-se, foi sem justa causa.
O Sistema Judiciário é lento, mas os processos têm caminhado a meu favor. E espero que Veja continue em circulação quando for obrigada a publicar a retratação da nota que prejudicou minha vida e a de minha família.

Em tempo: não fui eu quem mais publicou denúncias fornecidas por Alexandre Paes dos Santos. Nem foi ele meu principal informante nos dez anos em que trabalhei em Veja. Para realizar o trabalho que realizei, contei com o suporte de muitos detentores de informações, pessoas com histórias bem documentadas. Talvez isso explique o fato de nunca uma reportagem assinada por mim ter sido questionada na Justiça.

Se lhe puder ser útil em algo mais, conte comigo.
Eliana Simonetti