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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Investimento compensa desequilíbrio nas contas


As contas externas de janeiro apresentaram duas faces. A boa notícia é que foi confirmado que o saldo dos ativos brasileiros no exterior, de US$ 203,190 bilhões, supera o valor da dívida externa, de US$ 196,207 bilhões, tornando o Brasil credor internacional. A ruim é que as transações correntes do balanço de pagamentos apresentaram, no mês, um déficit de US$ 4,292 bilhões, valor superior às expectativas.

A posição de credor externo do Brasil foi alcançada graças ao aumento das reservas internacionais, que, no final de janeiro, somavam US$ 187,507 bilhões. A manutenção dessas reservas tem um custo elevado, que se estima, para 2008, em R$ 19,540 bilhões, em conseqüência da diferença entre os juros que o governo paga por sua dívida interna (R$ 25,290 bilhões, incluindo swaps) e os que recebe como remuneração das reservas, que, admitindo uma taxa cambial de R$ 1,80 por dólar, deverá ser de R$ 5,75 bilhões. Quanto mais o real se valoriza, maior é o custo para o governo, ao mesmo tempo que uma redução da taxa básica de juros nos EUA diminui as receitas.

Além disso, se houver grandes financiamentos para o Brasil, a posição externa poderá voltar a ser devedora. É possível admitir, porém, que enquanto houver turbulências no mercado externo a dívida do Brasil não aumente mais.

A evolução da conta de transações correntes pode se tornar um outro problema. O déficit de janeiro, de US$ 4,292 bilhões, teve um aumento de 514% em relação a dezembro. O governo estima que, em fevereiro, o déficit ficará em US$ 1,7 bilhão e, segundo o Banco Central (BC), deverá fechar o ano em US$ 3,5 bilhões, que nos parece uma estimativa muito otimista.

De fato, os serviços e renda somaram em janeiro US 5,5 bilhões, em razão do ingresso de investimentos estrangeiros diretos de US$ 3,8 bilhões, com aumento de 23,7% em relação a dezembro, indicando o interesse das empresas estrangeiras em investir no Brasil. No entanto, em fevereiro, houve forte redução desses investimentos, estimados em US$ 200 milhões, e o BC prevê para o ano um total de US$ 28 bilhões.

A continuação da valorização do real ante o dólar deverá favorecer um aumento das importações, que já se evidencia no resultado da balança comercial da quarta semana de fevereiro, com um déficit de US$ 81 milhões. O resultado desses primeiros meses do ano pode ser atípico, mas exige atenção das autoridades.

Arquivo Etc

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