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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Panorama Econômico

Ilha mito

O futuro de Cuba começou. Sem o carisma e a mítica de Fidel Castro, Raul, que deve ser eleito sexta-feira, não terá o mesmo controle do país. As TVs passam novelas brasileiras e séries americanas. O desafio será a independência. Cuba já foi colônia espanhola, cassino dos Estados Unidos, ilha soviética. O sonho dos EUA sempre foi transformá-la no 51 estado americano. Outro desafio: manter as conquistas sociais.

As mudanças já são visíveis. Ônibus mais modernos e carros novos circulam pelas ruas de Havana. Grande parte vinda da China, segundo maior parceiro comercial de Cuba. O primeiro é a Venezuela. Dois milhões de turistas passeiam por lá a cada ano e são grande fonte de renda. O país tem crescido de 8% a 10% ao ano.

Este momento é duplamente desafiador para a pequena ilha do Caribe próxima a Miami. De um lado, a ilha pode ver o fim da ignomínia de ser o local dos desterrados americanos. A Base de Guantánamo é uma excrescência em si, mas é pior pelo que virou: um local onde o governo americano — confessadamente — não respeita suas próprias leis. De outro, é o lugar onde um ditador da extração romântica dos anos 50/60 envelheceu no poder perdendo qualquer ternura. O poder sem fim e sem limites transforma qualquer idealista num ditador como outro qualquer.

Os Estados Unidos pensam em fechar Guantánamo. É o que têm dito os três candidatos. Quando esteve no Brasil, Tom Shannon, vice-secretário de Estado dos EUA, admitiu, numa entrevista para mim, que até o governo George Bush pensa no assunto. Alegou que a proposta não avança porque, na opinião dele, não há um governo com o qual se possa ter interlocução em Cuba.

Cuba tem sido um país confinado. Não faz parte da OEA, não é membro do Banco Mundial, do FMI, nem do BID. Maluquices herdadas do tempo da guerra fria e impostas pelos Estados Unidos. Leis como a Helms-Burton impedem até a venda de matérias-primas para terceiros países se o produto final for enviado para Cuba.

Começa a se romper esse absurdo bloqueio. Empresários canadenses e espanhóis estão investindo no país. O Brasil estabeleceu acordos para que a Petrobras faça prospecção de petróleo. Os dois países desenvolveram juntos uma vacina antimeningite, mais barata que a usual. Cuba quer ajuda brasileira para aumentar a produção de alimentos por lá. Eles gastam US$ 1 bilhão importando comida.

Continua em Miriam Leitão.com

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