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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Por que os juros sobem

Há muitas explicações na praça para a alta dos juros verificada em janeiro e fevereiro, notícia divulgada hoje pelo Banco Central. Mas se você quiser uma resposta decisiva procure em outra notícia, da Fundação Getúlio Vargas: “o consumidor continua com ímpeto comprador”, disse economista Aloísio Campelo, da FGV, ao divulgar a Sondagem de Expectativas do Consumidor.

Os bancos tiveram muitos motivos (e pretextos) para elevar os juros, mas não teriam conseguido fazer isso se não encontrassem um consumidor animado, disposto a fazer crediário. Tanto que o volume de crédito tomado pelas pessoas aumentou em todas as modalidades, mesmo com a elevação das taxas.

Considerando os fatores específicos de alta dos juros, os principais são os seguintes, conforme os comentários ouvidos hoje:

. aumento do IOF, Imposto sobre Operações Financeiras, que passou de 1,5% para 3,38% ao ano para pessoas físicas (esse imposto é embutido na taxa de juros);
. aumento da inflação corrente e da previsão de inflação, cálculo que entra na fixação da taxa de juros nominal;
. expectativa de que o Banco Central brasileiro não vai reduzir a taxa básica de juros e, ao contrário, pode aumentá-la em algum momento deste ano;
. incertezas do mercado financeiro (nacional e global), o que também faz subir os juros futuros, referência para os bancos.

Esses fatores elevaram a taxa de captação dos bancos (é o custo, quanto eles pagam para obter o dinheiro) e levaram ao aumento do spread, a diferença entre o que os bancos cobram e o que pagam. Os bancos embolsam essa diferença, com a qual pagam seus custos, fazem lucros e remuneram os acionistas.

Naturalmente, os bancos podem aumentar esse spread quando o mercado está aquecido, isto é, quando pessoas e empresas sentem-se confiantes para tomar crédito. Essa confiança, claro, depende da situação real das pessoas (bom emprego, aumento da renda) e das empresas (vendas, lucros, etc). E da capacidade de pagamento, que segue boa: a inadimplência permanece baixa.

Misturando aumento de custos, incertezas do mercado e demanda aquecida, está aí quase todo o aumento dos juros de janeiro e fevereiro.

Há uma série de outros fatores – interrupção dos empréstimos consignados, de juros mais baixos, por alguns dias; alta forte nesse assalto que é o cheque especial; e aumento da Contribuição sobre o Lucro Líquido dos bancos.

Mas o quente é o mercado – muita gente querendo crédito, havendo bons motivos e pretextos, e havendo dinheiro limitado para emprestar, o preço, o juro, sobe.

Postado por Carlos Alberto Sardenberg

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