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quinta-feira, 6 de março de 2008

COPOM atento põe freio no DI com sinalização de alta do juro

... Ou o BC quis preparar o espírito do mercado para a possibilidade de uma alta do juro nas próximas reuniões do COPOM, ou não sabe que as palavras têm poder -- o que é difícil de acreditar. Assim, prepare sua munição, porque tudo indica que pode vir chumbo pela frente. Por que o BC acrescentaria no texto do comunicado um advérbio de modo, que vai contra a lógica, se não estivesse com más intenções? O que pretendeu ao dizer que “irá monitorar ATENTAMENTE a evolução do cenário”? É claro que o BC não quis dizer que até agora acompanhava o cenário sem prestar muita atenção. Então, já que a palavra não está ali por acaso, esqueça um pouco NY porque tem game pesado no DI.

... O resultado do COPOM, ontem à noite, correspondeu amplamente às expectativas, ao manter a taxa SELIC em 11,25%, sem viés, por unanimidade. Mas, traders e analistas esperavam por detalhes do STATEMENT como uma sinalização dos próximos lances da política monetária. O mercado está cheio de dúvidas em relação ao shape da curva de juros deste ano... Muitos operam com um cenário de estabilidade até o fim de 2008, mas há os mais otimistas, que vêem espaço para a retomada das quedas da SELIC, e os mais conservadores, que temem por uma reação do BC aos números fortes da economia.

... Os dados da produção industrial em janeiro (de +1,8%), divulgados ontem pelo IBGE, vieram elevados, mas abaixo da mediana das expectativas (de +2,25%). Além disso, o crescimento de 13% nos investimentos “nos torna aptos a ter uma produção maior, sem pressão inflacionária”, disse o ministro do Planejamento, Paulo BERNARDO à jornalista Beatriz Abreu (AE). Ele não soube dizer se essa também é a avaliação do BC.

... No mercado, muita gente acha que não há razão para o Banco Central ter uma recaída de malvadeza agora. A inflação continua dentro da meta (4,5%) e as expectativas estão sendo revisadas em baixa com a queda do dólar. Segundo fontes no Broadcast, a manutenção da SELIC em 11,25% reconduz o Brasil à liderança dos maiores juros reais do mundo. O atraente diferencial dos juros interno e externo deve assegurar a continuidade do fluxo financeiro, contribuindo para a trajetória de desvalorização do dólar.

... Tirando o provável movimento de ajuste dos juros ao COPOM (abaixo), no restante, o mercado tem hoje mais do mesmo. A BOVESPA, que ontem se regalou com o novo recorde do petróleo e a alta dos metais, deve continuar seguindo as commodities, se NY se mantiver mais ou menos dentro dos trilhos.

... A agenda aqui é vazia, e nos EUA é mais fraca. Prevê números do auxílio-desemprego na semana até 1/3, às 10h30, com estimativa de queda de 10 mil pedidos. Às 12h, a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis espera queda de 1,5% nas vendas pendentes de imóveis (janeiro)... Talvez WALL STREET se oriente mais pela expectativa do PAYROLL de fevereiro, que sai amanhã (abaixo). Ou pelo noticiário da crise.

... Na EUROPA, o BCE anuncia, às 9h45, sua decisão para a taxa de juros da ZONA DO EURO. A expectativa do mercado é de que seja mantida em 4,0%.. Antes, às 9h, sairá a decisão do BOE para o juro inglês, que também deve ficar inalterado, em 5,25%.

Atentamente é...

... Não é de hoje que o BC opera as expectativas do mercado introduzindo (ou retirando) expressões em seus comunicados.. Desta vez, o advérbio de modo ATENTAMENTE deverá colocar as taxas dos DI em alta, depois de os investidores terem arriscado um movimento de alívio ontem, na espera pelo COPOM. O argumento para a queda das taxas, que aconteceu em um pregão de bom volume, foram os números da PRODUÇÃO INDUSTRIAL, que vieram fortes, mas não surpreendentes. E, para muita gente, ajudaram a reduzir o risco de alta da taxa SELIC neste ano.

... Mas aí, veio o BC com essa mensagem de que é melhor não relaxar, o que deve fazer aqueles lotes de posições vendidas, assumidos nesta quarta-feira, queimarem nas mãos dos investidores. As incertezas sobre o que vem pela frente continuam pautando o mercado pré, o que é sinônimo de oportunidade de negócios e também de volatilidade.

... Para o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel SANTOS, o BC demonstrou no comunicado que não está satisfeito com as conquistas no campo da inflação e com os benefícios que o câmbio apreciado tem dado para a formação dos preços. “A introdução desta palavra no comunicado me soa como uma tentativa de o BC evitar a euforia que vimos no mercado no ano passado”, disse para o Broadcast... Já o economista-chefe da Corretora López LEÓN, Flávio SERRANO, acha que o BC quis mesmo influenciar a curva de juros, com o objetivo de manter as taxas elevadas e, assim, frear a economia. “A taxa de juros de um ano para frente é uma das mais altas e o BC não quis acabar com isso, porque na conjuntura atual esse cenário é favorável à autoridade monetária”, avaliou ele.

... Ontem, as taxas do DI haviam recuado diante dos números menos explosivos, embora ainda vigorosos, da produção industrial. Como contraponto do crescimento de 1,8% em janeiro, o mercado observou o recuo de 0,3% da média móvel trimestral, que mostra a tendência do indicador. Foi o primeiro resultado negativo em 18 meses, e apesar de o IBGE ter relativizado esse dado, ele ajudou a amenizar a preocupação com uma possível alta dos JUROS nos próximos meses, sugerindo acomodação entre oferta e demanda.

... Se não fosse o sinal do BC no statement, possivelmente, os JUROS cairiam mais nos próximos dias, porque o mercado ainda via prêmio para queimar nas apostas de uma elevação da taxa SELIC neste ano. Agora, não só essas apostas serão mantidas, como devem ser reforçadas, dentro dos movimentos de ajuste, sempre exagerados.

.. O mercado vai especular, vai querer saber o que o BC vai acompanhar atentamente, se as expectativas de inflação, o desequilíbrio entre oferta e demanda, a demora na maturação dos investimentos em capacidade produtiva ou, quem sabe, o risco de a alta das commodities vir a pressionar a inflação. Será que as respostas vêm na próxima ATA?

... Ontem, diante dos números do IBGE e do alívio externo, o DI janeiro de 2009 recuou a 11,72%, de 11,74%. E o DI janeiro de 2010 fechou a 12,38%, de 12,42%.

... O DÓLAR também deverá reagir (em queda) ao COPOM, que amplia as oportunidades de arbitragem. Ontem, a moeda fechou a R$ 1,672 (-0,83%).

... O IBOVESPA fechou a quarta-feira em alta de 1,53%, para 64.629 pontos, com giro de R$ 6,290 bilhões. A disparada do petróleo deu fôlego às ações de PETROBRAS, que vinham de dois pregões seguidos de baixas.. Ontem, a PN subiu 2,47% e a ON, +2,86%. VALE PNA também se recuperou (com os metais) e subiu 1,81%. Já GERDAU (+3,02%) devolveu parte da perda de (mais de 7%) com o anúncio da oferta primária de ações.

... No mercado da DÍVIDA externa, o Global-40 fechou em estável em 134,25 cents. Já o risco Brasil estava em 247 pontos-base no final da tarde, queda de 10 pontos-base.

Arriba!

Continua em Bom Dia Mercado

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