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terça-feira, 6 de maio de 2008

Mantega: não houve acordo com os postos

Entrevistei o ministro Guido Mantega no meu programa na CBN. Alguns pontos:
. o ministro garante que não fez nenhum acordo com distribuidoras ou redes de postos de combustíveis para a manutenção do preço da gasolina; o ministro apenas acha que a redução da Cide (imposto sobre a gasolina) compensou o aumento que as distribuidoras vão pagar à Petrobrás, de modo que não há necessidade de elevação de preço na bomba;
. perguntado se não se seria melhor encarecer a gasolina (cara, escassa, poluente e importada) e estimular o etanol nacional, Mantega disse que, neste momento, pensou apenas na inflação; como esta já está pressionada, não quis jogar mais gasolina da fogueira;
. perguntado se apoiava a decisão recente do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, Mantega disse que não comenta sobre juros no curto prazo, sendo esta a função do BC.
A Standard&Poor, ao conceder o grau de investimento ao Brasil, comentou que um dos maiores problemas da economia brasileira é o excessivo peso do setor público, com gastos crescentes e carga tributária elevadíssima. Perguntado sobre isso, Mantega disse que o governo continua fazendo o superávit primário, em nível até maior que a meta.
Observei, então, que esse equilíbrio fiscal estava sendo obtido à custa de um enorme aumento da arrecadação, que não pode durar para sempre. Mantega admitiu que os gastos estavam aumentando, mas disse que agora estão contidos.
Citou os dados do primeiro trimestre deste ano: a despesa total do governo federal aumentou 8% sobre o mesmo período do ano passado, em termos nominais, enquanto o PIB cresceu 12%, também nominais.
É verdade. Mas o ministro escolheu o número a dedo.
Se verificarmos os dados de março para trás, todos mostrarão contínuo aumento de gastos, sempre acima da inflação e do crescimento do PIB. Na comparação janeiro/fevereiro deste ano contra o mesmo período de 2007, as despesas do governo federal subiram 15%, contra expansão de 13% do PIB.
O trimestre fechado em março último foi o primeiro desde 2004 em que houve expansão da despesa abaixo do PIB.
Em março, o governo federal ainda estava sem orçamento, portanto com limitação de gastos.
Portanto, é preciso ver se os números mais recentes indicam tendência ou se foram uma exceção.

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