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quinta-feira, 1 de maio de 2008

O triunfo da ortodoxia

Foi o triunfo da ortodoxia econômica. Isso é o que se conclui do comunicado e dos comentários da agência de classificação de risco Standard & Poors, ao elevar o Brasil à condição de grau de investimento.
A classificação não depende de um ponto exclusivo, mas do conjunto da obra. E a obra é uma política econômica clássica, cujo construção começou com o lançamento do real em 1994, e seguiu com vários passos, sendo os principais: a introdução do regime de metas de inflação em 1999, do regime de câmbio flutuante também em 1999 e a definição de leis e normas que colocaram as contas públicas sob controle, com pagamento de juros e redução do endividamento como proporção do Produto Interno Bruto.
Do ponto de vista político, o grande teste foi o governo Lula - um governo vindo da esquerda e de um partido que combatera ferozmente a política econômica do Real. No governo, Lula não apenas manteve, como reforçou essa política econômica. Pagou mais juros e deu mais força e estabilidade ao Banco Central (um único presidente, Henrique Meirelles, desde o primeiro dia de governo).
Por isso, a S&P se refere ao pragmatismo da política econômica brasileira, em oposição ao que seria uma postura ideológica. O pragmatismo quer dizer o seguinte: não importa o partido, se de direita ou de esquerda, a economia deve funcionar segundo regras universais, essas que o Brasil passou a respeitar.
Essas regras garantem uma estabilidade macroeconômica, a qual, de sua vez, cria condições para um crescimento mais consistente, sem saltos e quedas.
Tudo isso está nos comentários da S&P. Mas a agência destaca, como um ponto essencial, a liberdade e a independência conferida ao Banco Central para operar o regime de metas de inflação. (A liberdade do BC de elevar os juros sempre que considerar necessário para bloquear a alta de preços).
Não deixa de ser curioso: o governo Lula comemora, com razão, o grau de investimento, que, em boa parte, foi garantido por um Banco Central tão atacado, especialmente por gente do próprio governo.
O que prova que Lula vê mais longe que seu pessoal.

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