Com a nota da Fitch, o Brasil tem agora grau de investimento por duas das três principais agências de classificação de risco. A terceira é só questão de tempo, pouco tempo.
E com isso, o país completa uma etapa: a conquista da estabilidade macroeconômica.
Avalia-se isso em três quesitos: inflação baixa e controlada, no caso com regime de metas e BC independente; contas públicas ordenadas, com endividamento em queda; e contas externas não vulneráveis a choques nos mercados internacionais, com câmbio flutuante.
O quarto quesito é político: um consenso nacional ou ao menos uma ampla maioria em torno dessas políticas macroeconômicas. Este último se conquistou com a perseverança com que o governo Lula manteve, e até avançou em alguns pontos, a política basicamente construída a partir de 1993, com o Plano Real.
O Brasil tornou-se um país normal no respeito aos fundamentos da economia capitalista moderna.
Reparem o atual debate em torno da “crise inflacionária” – estamos discutindo se a inflação será de 5% ou 5,5% neste ano. É um debate de país estável.
Temos um problema nas contas externas, que estão voltando ao déficit. Mas é muito menor o risco de um déficit de US$ 30 bilhões neste ano, quando se consideram as exportações de US$ 180 bilhões/ano, Investimentos Externos Diretos de 35 bilhões e reservas de quase US$ 200 bilhões. Financiável, não é mesmo?
Não que não sejam problemas, a inflação e as contas externas – mas são dificuldades normais de um país estável, muito diferente daquelas crises agudas em que o dólar disparava e levava dívida e inflação para as alturas no curtíssimo prazo.
Hoje, aliás, se o real se desvalorizar e o dólar disparar, o governo brasileiro ganha dinheiro. A dívida pública externa é inferior a US$ 100 bilhões, contra reservas de US$ 200 bilhões.
É outro nível, o de grau de investimento.
E mais uma vez, o triunfo da ortodoxia.
E daqui em diante?
O principal objetivo deve ser como elevar a capacidade de crescimento – tema de uma próxima nota.
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