Sobre o caso Varig-VarigLog-ministra Dilma: as dificuldades de uma grande companhia privada são ou não são um problema do governo?
Em termos, digamos, teóricos, a resposta é não. Empreendimentos privados devem se resolver na esfera privada. Se o empresário tocou mal o seu negócio, se os executivos destruíram a empresa, o problema é deles e de seus credores e clientes. Se não conseguem resolver, recorrem aos tribunais.
Na prática, não é bem assim. Quanto maior a empresa, quanto mais significativa para o país, maior será a probabilidade de o governo entrar no caso.
É o caso da Varig. Em qualquer país do mundo, o governante de plantão no mínimo se interessaria pelo destino da empresa. Ainda mais no caso de uma companhia que atuava em setor regulado e controlado pelo governo.
Em outras palavras: seria razoável, do ponto de vista político, que o governo tentasse administrar a derrocada da Varig. Sobretudo por causa das centenas de milhares de trabalhadores diretos e indiretos, pensionistas e passageiros. E ainda mais porque o governo tinha créditos tributários a receber e porque a empresa reclamava, por sua vez, indenizações do governo.
O problema, como sempre, é o método. Uma ação pública, transparente, levando em conta os interesses gerais, passa bem.
O que o governo não pode fazer é favorecer um grupo privado. Muito menos colaborar com o lobby de pessoas amigas do rei. Mesmo que não tenha havido roubalheira, mesmo que tudo tenha sido feito com a intenção de salvar uma companhia relevante ou minimizar os prejuízos, a ação seria ilegal e anti-ética.
Se o governo, qualquer governo, começa a escolher e proteger os “seus” empresários, abre-se a oportunidade de generalizada roubalheira.
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