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quarta-feira, 18 de junho de 2008

Viva São João!

Se aproxima o momento pouco esperado pelos gestores de grandes fundos de pensões americanos: o final de Junho e começo de Julho marca a divulgação dos balanços anuais referentes ao exercício 2007/2008.

Somente na área pública, há mais de 100 fundos operando nos Estados Unidos, e eles administram mais de US$ 2 trilhões. Esses fundos são, ou pelo menos foram, grandes compradores de títulos relacionados ao mercado de crédito, sobretudo MBS´s do setor imobiliário (mortgage backed securities). Os grandes bancos, tais como UBS, JP Morgan, Merril, Citigroup, dentre outros, encontraram nos fundos de pensão importantes compradores desses títulos.

Para os gestores, MBS´s e demais produtos de crédito representavam o recebimento de um rendimento superior à média do mercado. Além disso, como os títulos contavam com um grau de risco teórico mínimo de AAA, obra e graça das agências de raping, o incentivo para adquirir tais investimentos era alto.

O último balanço divulgado pela maioria dos fundos de pensão aponta para o ano passado, Junho e Julho. Logo, um período anterior ao da primeira fase da crise de crédito, que mostrou-se com mais força apenas após Agosto de 2007.

Parte desses trilhões de dólares encarteirados por grandes fundos de pensão ainda mantém valores pré-crise de crédito, não foram atualizados para a nova realidade que se instalou. E ao observarmos títulos AAA que perderam mais de 50% do valor de face em menos de um ano, podemos perceber que será uma cruel temporada de balanços para os gestores dos fundos de pensão.

Pior ainda para os pensionistas.

Uma quadrilha grandona? Quadrilhão!

Em comemoração às festividades Juninas, o banco central dos bancos centrais, BIS (Bank for International Settlements), homenageou em seu último relatório uma comum tradição das Festas de São João: a formação de quadrilhas.

Tudo porque o último relatório anuncia que o valor total de derivativos presentes no sistema financeiro ultrapassou a marca de US$ 1 quadrilhão. O valor praticamente dobrou de um ano para outro. E como o PIB mundial é estimado em cerca de US$ 70 trilhões, percebe-se que a alavancagem do volume de derivativos em relação à economia real ultrapassou a marca de 14. No começo do ano passado estava em 8.

Dentro desse quadrilhão, um segmento em especial ocupa US$ 596 trilhões. São os derivativos OTC (over-the-counter), marcados tanto pela liquidez obscura, quanto pelo alto risco que representam para a economia. Como cada contrato envolve uma contraparte, e pouco se sabe sobre quem são ou que exposição detêm, é preciso manter as peças bem acomodadas, pois qualquer problema isolado pode desencadear uma imensa reação em cadeia no corpo do já abalado sistema financeiro.

Cinco Pesos de Dois Quilos

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