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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O jornalismo de Veja

Da Veja desta semana

Em maio de 2006, VEJA revelou que o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, tinha em mãos uma lista com contas bancárias supostamente mantidas no exterior por figurões da República. Encomendada por Dantas ao americano Frank Holder, ex-espião da agência de investigações Kroll, ela seria uma evidência do enriquecimento ilícito das autoridades nela mencionadas – inclusive o próprio presidente Lula. A reportagem de VEJA teve acesso à lista, sob a condição de que o nome de Dantas não fosse divulgado. Uma perícia contratada pela revista revelou, no entanto, diversas inconsistências no material, que tornaram impossível comprovar cabalmente a inexistência das contas sem ao mesmo tempo desmentir sua existência. Diante de sinais de que Dantas usava a lista como elemento de chantagem em uma disputa empresarial com fundos de pensão de estatais, VEJA revelou sua existência e apontou o banqueiro como seu autor – fato, claro, negado por Dantas. Além disso, a revista enviou, na ocasião, toda a papelada que reuniu sobre as supostas contas ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que, efetivamente, investigou o caso.

Comentário

Repito o que escrevi durante a semana. O contato de Veja com Daniel Dantas era e é o diretor de redação Eurípedes Alcântara.

Durante dois anos pelo menos há inúmeras evidências de que Veja foi instrumento ativo nas disputas empresariais e jurídicas do empresário. E continua nesse jogo, apesar de manobras de despiste, como essa matéria – só agora publicada, depois do fato ter ocorrido e do Blog ter chamado a atenção para as ligações entre Eurípedes e Dantas.

A estratégia do do diretor de redação consiste em atacar Dantas em questões acessórias, para melhor poder apoiá-lo em temas essenciais, como a repercussão que deu a esse caso da intérprete. Depois, cercar-se de guarda-costas que atuam como fogo de barreira, para desviar o foco dele. No caso do falso dossiê, foi obrigada a revelar a fonte, porque, depois de apurada a falsificação, não havia como fugir ao tema. Mas o fez da forma mais dúbia possível.

Justamente a perda do critério jornalístico foi que transformou Veja em território livre, manobrado por Eurípedes e Mário Sabino. É como a empresa que passa a usar caixa 2 e acaba perdendo o controle sobre os atos de seus executivos, por ter aberto mão dos instrumentos formais de controle.

Quando se seguem critérios jornalísticos, basta alguma reportagem fugir do critério para acender a luz amarela. Com a perda do referencial, perdeu-se igualmente o controle e conferiu-se aos diretores o direito de matar – burlando inclusive os controles internos.

É importante que a Abril perceba esse jogo, porque o que está em questão é a própria imagem da editora. É simples pegar o fio da meada. É só juntar as matérias sobre o tema publicadas nesse período.

Repito, tudo isso foi feito em contato direto de Dantas com Eurípedes. Mas como é período natalino, vamos deixar passar as Festas para aprofundar o tema.

enviada por Luis Nassif

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