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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

As reservas cambiais e o sapo barbudo

Vários leitores enviaram perguntas sobre o fato de o Brasil tornar-se credor, e não mais devedor externo. Qual o impacto dessa notícia no mercado?
A princípio, essa é uma não-notícia. Na prática, pouco vai mudar com esse fato, ainda mais que ele deve ser de curta duração. Com a queda dos juros no Estados Unidos deverá ficar mais interessante para as empresas brasileiras tomarem dinheiro emprestado no exterior, o que fará o Brasil deixar de ser credor. Ou, como bem explicou um amigo de mercado: "uma decisão da Vale do Rio Doce de comprar a Xtrata emitindo dívidas muda esse cenário em um dia."
Não tem nenhuma importância, portanto? Na verdade, o mais interessante desse fato é que ele aumenta algo imponderável, mas essencial: a confiança dos investidores internacionais.
Explicando. A economia brasileira apresentou avanços inegáveis nos últimos anos, como a adoção de um câmbio flutuante, o controle da inflação e o equilíbrio das contas públicas. Tudo isso é excelente, mas depende, em última análise, da vontade política do governante de plantão. Ou seja, se os eleitores escolherem, em 2010, um candidato mais comprometido com as "políticas republicanas de desenvolvimento" (ou qualquer outro nome bonito para a gastança desvairada que essa gentalha tanto aprecia), todas as conquistas vão por água abaixo rapidamente.
No caso das reservas em moeda forte, que chegaram a cerca de 190 bilhões de dólares e deixaram o Brasil na inédita posição de credor internacional, é um pouco mais difícil que as coisas mudem apenas por vontade política. A segurança é um fio de cabelo mais espessa, mas mesmo assim maior.
Portanto, reservas cambiais sólidas tornam os investidores internacionais menos reticentes a continuar investindo por aqui e reduzem a probabilidade de turbulência nos mercados provocada pela aproximação da eleição presidencial. Parece que faz um século, mas sempre é bom lembrar que a eleição de 2002 levou o dólar a inéditos 4 reais, devido ao temor do mercado com relação a um candidato que veio com um discurso radical. O mercado vivenciou uma de suas temporadas mais tensas até Sua Excelência mudar de idéia no meio do caminho e jogar às urtigas suas idéias. Parece história antiga, mas não faz tanto tempo assim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Na América Latrina, a pátria-amada-idolatrada-salve-salve nunca passou de um projeto de nação, com todas as conotações positivas que esse termo demanda. Esse é um vasto território, uma enorme banana republic, manipulada por uma elite comprometida apenas com seus interesses econômico-financeiros, e o "povo" não passa de um detalhe desprovido da menor relevância do ponto de vista dos mafiosos que se intitulam membros do governo. Se eu tivesse que fazer uso de uma metáfora para caracterizar essa infeliz realidade chamada Brasil, eu usaria o termo EXCREMENTO, a única palavra que descreve essa que tem sido nada mais que uma colônia desde os tempos em que os primeiros Europeus invadiram essas terras, com instintos de ave de rapina, como aconteceu no resto das Américas e outras paragens.