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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bovespa + BM&F: é para comprar ou para vender as ações?

As duas bolsas brasileiras anunciaram que estão estudando uma fusão de suas atividades. Algo sem dúvida interessante, uma vez que ambas são empresas com um vasto contingente de investidores individuais. Aí, a pergunta filosófica: é para comprar ou para vender as ações?
Ainda há muita incerteza, a depender do negócio, mas já é possível fazer algumas contas básicas:
1) Na ponta do lápis, as ações da BM&F estão mais caras que as da Bovespa.
Desde a abertura, até ontem (sem contar as altas de dois dígitos da abertura do pregão), Bovespa Holdings (BOVH3) subiu 8%, ao passo que BM&F (BMEF3) caiu 21%. O motivo é simples: a demanda pelas ações da BM&F fez com que os bancos vendedores elevassem várias vezes o preço de venda durante o processo. As ofertas começaram a 16 reais e acabaram a 20 reais. Não por acaso, muitos bancos turbinaram seus lucros devido às vendas das participações nas bolsas.
Como saíram por um preço alto e, logo em seguida, tiveram de enfrentar uma crise, as ações da BM&F perderam muito de seu valor. Mas ainda estão caras: segundo a Economática, no dia 19 de fevereiro cada ação da Bovespa estava cotada a 10,55 vezes seu valor patrimonial. No caso da BM&F, essa relação é de 15,77 vezes
Complicou? Eu explico. Cada ação da Bovespa tem um valor "contábil" ou "patrimonial" de 2,28 reais. Como elas fecharam ontem a 24,05, sua cotação é mais de dez vezes superior ao valor patrimonial. No caso da BM&F, essa relação é ainda maior, 15,77 vezes. Na média, as ações que compõe o Índice Bovespa registram uma relação de 3,7 vezes.
Conclusão: é uma boa hora para vender as ações da BM&F, que às 11:30 registravam uma alta de 8% e chegavam a 17 reais.
2) Se confirmada, a fusão poderá gerar uma empresa mais rentável que a soma de Bovespa e BM&F.
A BM&F tem um ponto forte, sua estratégia de expansão internacional e suas parcerias com a Bolsa de Chicago. Somando todas essas atividades, a empresa resultante seria uma potência na negociação de ativos e derivativos financeiros.
A Bovespa tem dois pontos fortes:
- seu excepcional potencial de crescimento, especialmente com a participação de pessoas físicas. Por mais conservadores que sejam os prognósticos, não há ninguém no mercado financeiro que descarte a hipótese de a Bovespa dobrar de tamanho em dois ou três anos, com a vinda de mais investidores nacionais e internacionais e mais empresas.
- a grande capacidade de reduzir os custos de uma nova empresa que una as duas atividades. A Bovespa já aposentou o romântico mas anacrônico pregão, ao passo que a BM&F ainda depende de intermediação humana nas negociações. Uma eventual fusão traria sem dúvidas a redução desses gastos e a sinergia entre as atividades.
Esses pontos fortes são suficientes para justificar a compra de ações da Bovespa? Aqui, o mercado está totalmente dividido. A alta de 9% na primeira hora de negociações não representa um movimento estruturado, é a esperada e justa reação do mercado à notícia. Porém, nada garante que essas ações - que estão caras - apresentem novas valorizações muito expressivas antes que os termos do acordo sejam conhecidos.
Conclusão: se for comprar para ESPECULAR (atenção ao verbo), compre as ações da Bovespa. Mas não se esqueça que essa alternativa tem muito risco.
E nunca é demais reler com cuidado o fato relevante publicado pelas duas bolsas: existem negociações, mas não se descarta a hipótese de que o negócio simplesmente não saia.
Fortes emoções são aguardadas.

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