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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Está tudo bem

Ao mesmo tempo em que cresce o discurso de que o pior já passou, somam-se indicativos de que a situação na atual crise de crédito ainda tem muito potencial para testar os humores do mercado e as habilidades dos burocratas dos bancos centrais.Hoje mesmo o Citigroup, um dos maiores grupos bancários do mundo, anunciou que pretende liquidar 500 bilhões em ativos como meio de re-equilibrar as finanças, e, também, tentar a manutenção da própria sobrevivência da empresa.O anúncio foi detalhado como uma venda de non-core assets, que no jargão serve para classificar aqueles ativos que não são "centrais" na atividade da empresa. Em geral, abrigam nessa categoria participações em negócios fora do seu foco de atuação.A lista de vendas do Citi, segundo informação do Financial Express, inclui:
- Uma unidade de crédito ao consumidor na Alemanha;
- Uma unidade de private equity no Japão;
- Partes de seu banco mercantil também no Japão;
- Uma corretora de Taiwan;
- Uma unidade de crédito ao consumidor na Austrália;
- Uma unidade de operações na Coréia do Sul;
- Uma seguradora chamada Primerica;
- Unidades financeiras na Inglaterra e também financeiras no Japão e México;
- A unidade de cartões Diners Club International;
- Uma unidade de planos de aposentadoria nos Estados Unidos;
- Uma unidade americana de crédito corporativo.
Alguém há de perguntar: por quê não liquidam os bilhões em títulos imobiliários que mantêm em carteira, que não possuem nenhum potencial de lucro, e continuam tocando essas unidades? A resposta deve ser óbvia: simplesmente não há como liquidar a maioria desses títulos a mercado sem causar um completo colapso no sistema financeiro.
Os bancos americanos dividem seu patrimônio em ativos, que no caso podemos entender como core-assets, em 3 classes, chamados de Level 1, Level 2 e Level 3.No Level 1 estão os ativos mais líquidos e com cotação em mercados abertos, no Level 2 ativos com menor liquidez negociados em mercados específicos e no Level 3 se encontram aqueles que liquidez muito reduzida e que não há mercados formalmente estabelecidos.No caso dos níveis 2 e 3 com freqüência o processo de avaliação de quanto valem os papéis é feito através de modelos elaborados pelos próprios bancos. Isso se deve ao fato de não ter um mercado aberto, como na bolsa, em que as cotações são atualizadas de acordo com o último negócio. Esse processo é particularmente aplicado em praticamente todo o Level 3. A esse procedimento de definição de preço por modelos teóricos e matemáticos se chama Mark-to-Model, e ele é muito distinto da descoberta de preço a mercado, o Mark-to-Market.Porém o que está acontecendo nos últimos meses é a invenção de uma nova precificação, o Mark-to-Fantasy: diante da redução dos valores de seus títulos em carteira, decorrência do aumento de falências (default) e também da inadimplência, muitos bancos estão acobertando as perdas de duas maneiras. Uma delas é a simples migração de nível, a outra é manter o valor teórico dos ativos independente do comportamento do mercado, desconsiderando, por exemplo, que muitos deles têm sido liquidados por centavos para cada dólar de valor de face.
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