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quarta-feira, 25 de junho de 2008

A mulher que modernizou a política social brasileira

Ruth Cardoso modernizou o papel de mulher do presidente no Brasil e marcou profundamente as políticas sociais brasileiras. Ela sempre rejeitou a expressão "primeira dama", mas depois dela a denominação ganhou outro sentido.

Nunca houve uma primeira dama assim, e talvez demore a aparecer alguém com o mesmo conjunto de virtudes. Ruth era inteligente, culta, discreta e extremamente capaz. A sua idéia de criar o "comunidade solidária" acabou com o estigma de que a mulher do presidente da República, quanto tem alguma ação social, tem que ser necessariamente de políticas assistencialistas. No Comunidade Solidária, o estado tinha o papel de coordenação entre o setor privado e a população carente. Empresas passaram a adotar cidades com alto índice de analfabetismo, ou passaram a patrocinar determinadas causas ou regiões. O Estado era apenas o elo de ligação entre o patrocinador e o cidadão. Ruth teve um papel fundamental na decisão de levar para nível federal a idéia do Bolsa Escola que nasceu em Campinas em 1995. Teve também papel importante na mudança da politica educacional na direção de buscar a universalização do ensino básico.

Não se ouvia falar de interferência politica dela em nenhum ministério. Seu papel era influenciar os grandes rumos das políticas sociais.

Antropóloga reconhecida no exterior pela suas qualidades intelectuais, Ruth durante o período do governo de Fernando Henrique, foi várias vezes ao exterior dar aulas e cursos em universidades americanas.

O Brasil perde hoje um modelo admirável de mulher que soube aliar a intensa vida intelectua às funções protocolares exigidas da mulher do presidente. O papel que a deixava desconfortável, a de "primeira dama", acabou sendo exercido com maestria. Ela o reinventou, tirando dele toda a marca do passado. Depois que acabou o governo Fernando Henrique ela continuou sendo a mobilizadora de recursos e apoios para as grandes causas de combate à pobreza e de avanços sociais no Brasil.

Miriam Leitão

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